quarta-feira, 8 de julho de 2020




Opinião
[texto publicado no Diário de Aveiro no dia 29jan20]


CALMA!



PLATAFORMAcidades no Diário de Aveiro


Pompílio Souto (*)

Arquiteto; Urban Designer; ex-Docente Universitário


1)
Está instalado em Aveiro um ambiente de conflitualidade incomum, por vezes incompreensível e no mínimo indesejável: era bom que todos fizéssemos alguma coisa para acabar com isso.

            Não quero a "paz podre d'antigamente", mas também não será com desconfianças, autismos e berrarias que se identificam problemas e se juntam os meios para os resolver. O principal dos meios a juntar são os cidadãos, que somos todos nós, incluindo os que escolhemos para governar.
            Mas governar não é mandar, e juntar não é claquizar.
            Obviamente que nem todos, quer os mandados e claquizados, quer sobretudo os demais – os cidadãos (eu incluído) –, fizeram e fazem o que deviam e como se impunha.

Mas – sejamos claros –, isso não é razão para tanto badanal, tão soprado por quem tem responsabilidade ou de representação ou de governo. Até parece que há "medos": medo de quem está, e medo de quem desafia.
2)
Ralha-se p'ra baixo, p´ra cima e até p'ro lado, vejam lá. Quanto a este último nada direi, mas quanto aos outros espero que prevaleça o bom senso e a responsabilidade: – É que já enfada.

            Não vale a pena continuar a "cuspir na sopa" sobretudo quando ainda nos servimos do bom que ela nos trouxe e traz, sempre esquecendo inércias e ónus que doutros herdámos.
            Também não vale a pena insistir na Cidade de rompantes, obliterando história(s), planos, projetos e, sobretudo, excluindo quem, sustentadamente, assim não quer que se faça.
            E menos vale a pena, ainda, julgar que somos capazes de ir a todas – preferencialmente sozinhos –, e ser sempre bem-sucedidos porque somos geniais, infalíveis e inesgotáveis.

A história encarregar-se-á de avaliar o que fizemos, mas a verdade é que há – felizmente – cada vez mais quem não queira esperar por isso:
.           Ou porque só tardiamente viu alguns dos males que essa espera revelou; ou porque assume o conhecimento como socialmente útil e não tutelável, e por tudo isso, quer ser parte na construção coletiva da cidade, ajudando a torná-la mais resiliente, feliz e sustentável.
E mesmo sabendo-se que outras razões menos bondosas usam esse interesse participativo, é isso que se reivindicará e fará, em toda a parte, e aqui também: desiludam-se os isolacionistas e os iluminados – porque em termos gerais é bom que assim seja.
2)
Repito-me: Há aspetos em que Aveiro se atrasou - e não foi pouco, nem só, na Cidadania e na Administração Autárquica…

            Sem reconhecermos isso dificilmente aproveitaremos o bom que temos e o mais que unidos – no que importa – poderíamos conquistar.
                Temo, "infelizmente", que não precisemos nem de génios nem de salvadores: – Precisamos de Democratas de Democracias Parlamentares e não de Populistas de Populismos não escrutináveis.

O Presidente da Câmara Municipal, a Oposição e os Cidadãos têm feito coisas boas. Mas o ponto é que todos – principalmente quem lidera – têm de fazer melhor.
.           Precisamos de nos ouvir e de aprender também com outros. Precisamos de saber o que queremos, organizando-nos por cá e na CE, para agirmos e dar a volta a isto. Precisamos de reconhecer os erros e (re)fazer o necessário com uma liderança eleita – mas mais consensualizante e cientificamente informada  – para tão juntos quanto formos capazes de nos pôr, fazer uma Aveiro melhor.

Sim: Numa próxima "Opinião" direi de que "processos e concretizações chave" julgo precisarmos.   


Texto da responsabilidade de (*) Pompílio Souto, Coordenador da PLATAFORMAcidades; grupo de reflexão cívica | Veja outros textos desta série no Blogue Plataforma Cidades || Contacte-nos: plataformacidades.op@gmail.com                                      

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