sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Eixo Santiago _ Alboi - Ria



1)
Tenho, finalmente, a oportunidade de estar de acordo com a Câmara de Aveiro. Felicito-me, por poder felicitar uma sua Iniciativa e Projecto.
Ao que parece a Autarquia está a promover parcerias que visam requalificar o "Eixo Santiago, Alboi". Será uma operação comparticipável pelo "QREN". É um Projecto da maior importância para Cidade, desde que – com competência e coragem – se desenvolvam as vantagens e se afrontem interesses, ideias feitas e projectos assumidos, libertando espaços, convocando o necessário, dando oportunidade ao desenho e, porque não, azo ao sonho. Vejamos porquê.
2)
O "Eixo" em causa corresponde, do ponto de vista físico, ao Espaço não Edificado que se estende desde o "interior" do Bairro de Santiago, pelos Campos Mário Duarte, Parque D. Pedro V, Baixa de Santo António, Alboi e Ria. Tal espaço tem muito do melhor do que temos por aqui, mas tem, também, o menos bom e algumas coisas muito más; tratar destas "à pala" da valorização das primeiras é o primeiro grande repto aos "parceiros" do Projecto.
3)
De bom temos o desempenho urbanístico do espaço em causa: charneira física de vários troços e actividades tipicamente urbanos e singularmente aveirenses.
Temos, a nascente, o "interlande" rural e um bairro plurifamiliar urbano "novo" (Santiago), articulados por uma Linha de água (que quer ser um "canal"), com um bairro unifamiliar urbano "tradicional" (Alboi) e a Ria, a poente. Temos, a norte, a "cidade tradicional" (Glória) a norte e a dos serviços, "nova" (Universitária) a sul.
Trabalhar a "linha de água" (que gostaria de ser mais um "canal"), como uma nova entidade urbana, atractiva, diversificada e dinamizadora da vida urbana é um desígnio essencial.
4)
Mas, para a coisa assim ser não é fácil: é indispensável "coragem". Seria preciso, (i) deitar borda fora dois Planos de Pormenor (PP) e (ii) relativizar o "parecer" (*) de quem "mede a qualidade do ambiente apenas pelos metros de verde que o território oferece".
Assumo (para já) que o saber dos técnicos da Autarquia que melhor conheço – os ex-Alunos da Universidade de Aveiro – e as memórias do que fizeram, lhes permitam retomar o sentido das propostas então feitas – as da Ângela Fernandes, p.e., – que eram interessantes e, sobretudo, inspiradoras. Assumo, também, que o facto de, na Câmara e ligado a este projecto, estar António Soares – um ex-UA – não seja irrelevante. Por isso, tenhamos esperança.
5)
Os Planos de Pormenor a "abater" são o da Baixa de Santo António e o do Estádio Mário Duarte.
O primeiro, tendo sido feito para resolver um problema de cotas, (i) não resolveu a "insegurança passiva" no tardoz norte do Bairro Gulbenkian; (ii) desconsiderou as oportunidades suscitadas pelo Conservatório, pela Linha de água, pelo Parque, Alboi e Ria. Acresce que hoje dificulta a relação da Fábrica da Ciência, com a Cidade e com Região.
O outro Plano é o do Estádio Mário Duarte. Bem; que dizer? Talvez que só tenha sido feito para diminuir uma "dívida": a da Câmara para com os meus netos. De facto as respectivas virtualidades são (quase) nenhumas; os problemas gerados são muitos; as oportunidades que se perdem são enormes.
Restar-nos-á, apenas, esperar? Penso que não. Conquistemos os do "parecer"... e outros assim...
(*), de alguns residentes na Baixa de Santo António, pretendo obviar novas áreas de construção naquele sítio



(Crónica publicada no JN Norte, em 11JUN08)