quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O "novo Quarteirão" da Avenida







1)
Diz-se que a Câmara sabe de alguém que pretende intervir na totalidade de um quarteirão da Avenida Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro. Para além disso, ao que parece, a Câmara também quer construir parques subterrâneos nesse mesmo espaço. Finalmente, noticia-se o apelo do Presidente da Câmara, no sentido de que os munícipes façam propostas para a "requalificação deste espaço central da cidade", coisa que "eles" – autarquia – vão depois projectar e fazer.

2)
Não há fome que não dê em fartura, nem despropósito populista que – supostamente –, não a sirva (a fartura), sobretudo quando nada se tem realmente para oferecer.

Para além dos que, a propósito de (tudo) isso, assim pensam, outros há – críticos insanáveis, irredutíveis e descrentes – que, ou nada fazem, ou nada querem que se faça, porque tudo acham mal, e pronto!

Há também os outros: os que sofrem dos temores, dos medos e das fobias que assaltam, toldam e tolhem quem não acredita, nem nas virtudes da vida, nem nas virtualidades da mudança.

Alguns destes serão, por certo, os "traumatizados" pelo disparate "público e privado", (mais ou menos) instituído (quase poderíamos afirmar). Outros serão os do: " – No meu tempo é que era...!

Mas, mesmo assim, acho que uns e outros – todos, sem excepção, até mesmo os do IPPAR ("congeladores do alheio") e os seus acólitos (na CP da CMA, na ADERAV e no NAAV) –, devemos "abrir-nos", não para engolir aquela da "participação" que o senhor Presidente da Câmara – sempre solícito e delicado – nos "propõe", mas para outra coisa maior: exigir, para a Avenida Dr. Lourenço Peixinho "desenho com todos".

3)
A Avenida precisa de "requalificação", de "investimento" e de um (novo) "magnete" a norte, coisas que são, de facto, muito diferentes daquelas que a Administração Autárquica e (a respectiva) Gestão Urbanística têm feito, promovido ou suscitado, desde há muito.

Seja porque "embalsamam uns quantos objectos do edificado marginante", assim desvitalizando unidades de tecido e troços de malha, existentes.

Seja porque "licenciam o que haveria de não o ser" – a má qualidade plástica de algumas arquitecturas –, o que retira sentido aos "embalsamamentos" e prejudica a "imagem da cidade", no sítio.

Seja porque, aí "introduzindo tráfego de atravessamento", subvertem a vocação desse espaço, inviabilizando, nomeadamente, a interacção social e a fruição do espaço urbano central mais importante da cidade (alargada).

Seja porque, reconfigurando, pisos e pavimentos e relocalizando passadeiras e atravessamentos, aumentam – em muito –, a insegurança na fruição de um tal espaço (coisa que, obviamente, não vale a posse de uma q.q. "bandeira", mesmo que seja a da "mobilidade").

Seja porque – por uma q.q. "carga d'água", incompreensível – se transformou a avenida numa rotunda, partindo a cidade em duas.

Seja – finalmente – porque, não tendo "ideia do que é uma Avenida", nem tendo uma q.q. "ideia para esta Avenida"; dispensando-se de partilhar com quem quer que fosse, quer o seu deserto de "modelos", quer o "granel" das soluções em carteira, optaram por... fazer.
Agora cabe-nos "sofrer"; até quando?

Queremos, não que nos perguntem o que queremos, mas que nos mostrem e expliquem o que querem, e porquê, e como, e quando e por quanto, sendo que assim, por certo aqui estaremos todos para opinar e, se satisfeitos, aplaudir.

(Crónica publicada no JN Norte, em 06FEV08)

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