quarta-feira, 11 de abril de 2007

S. Jacinto: a Tróia de Aveiro

1)
Digamos que S. Jacinto é... como que a Tróia de Aveiro. Ou seja: S. Jacinto está para Aveiro, tal como Tróia está para Setúbal.
Sendo certo que nenhumas destas coisas é exactamente isso e assim, o facto é que, tal nos permite melhor ver a importância que S. Jacinto pode ter para Aveiro e para a sua região.
Permite-nos, também, perceber, quão distraídos alguns têm andado a tal propósito e o mal que disso tem advindo e advirá.

S. Jacinto não tem o mar calmo, chão e morno de Tróia, tendo, infelizmente, muito menos horas de sol, temperaturas mais baixas e mais rijas nortadas.
Para além de tudo isso, S. Jacinto não tem, nem umas ruínas romanas ali ao pé, nem – principalmente – Lisboa ali por perto, mas..., o que eu acho que mais falta faz a S. Jacinto, é alguém que não a veja como "o parente pobre e periférico" d'algo muito importante, a quem – por razões de"solidariedade" – se é obrigado a dar uma ajudinha, em nome da... "coesão territorial".

2)
Em S. Jacinto houve, em tempos, Estaleiros navais que geravam emprego, riqueza e bom-nome. Suscitavam, também, a necessidade de "manter aberta a cale" aos barcos que o usavam e "em serviço a estrada" (para norte) que os tornava acessíveis à indispensável circulação viária.
A Base militar – igualmente importante –, empregava (alguns) residentes e (muitos) outros que para lá diariamente se deslocavam, justificando transportes e investimentos vários, não apenas no sítio, mas também no Forte da Barra e na ligação do conjunto a Aveiro.
Entretanto, enquanto que a pesca – no mar e na ria – matava (algumas) fomes e... animava o lugar, a floresta, essa, segurava as areias. Na "escola" ensinava – e bem, muito bem mesmo (*1) – a Professora Alice Andias.
(*1), eu que o diga, que a ela me tive de ater para chegar ao liceu
Lá mais ao longe – p´ra nascente e para sul –, construía-se o Porto de Aveiro: obras pesadas e investimentos vultuosos em melhores e mais risonhos futuros regionais e nacionais.
Com o tempo, o Porto cresce – de importância e de tamanho –, e tudo coloniza à sua volta: S. Jacinto não vai escapar. A Base mirra e os Estaleiros fecham. O valor, o investimento e o interesse já não são, nem do sítio, nem no lugar...;
Que sobra?

3)
Em S. Jacinto o que sobrou, sobrou longe demais para peões e demasiado perto para automobilistas. No centro sobrou a paz, o silêncio e as actividades (mínimas) de que os residentes carecem; sobrou, também, aquela frente de ria, linda (mas algo desdentada). Mais longe, "muito mais longe", sobrou, para além disso, "campismo & mais campismo" e a "floresta & dunas", agora de "reserva" (natural, coisa e tal), bem como a "praia", a cargo do "Pooc", toc, toc, a caminho d'um "ferri" enguiçado... que nunca mais chega: chegará?

Mas, S. Jacinto tem um "plano"; dizem que de "urbanização" – que é um daqueles retratos da realidade sonhada, que alguns fazem, para que a realidade saiba como é que um dia terá de ser –, plano esse que – ignaro –, "peito cheio d'ar, não mexe, não respira..." até que ele, e tudo o mais à sua volta, morra.

Chamem o Belmiro, o Azevedo, conhecem? Aqui é mais fácil: não torres para implodir e há um Estaleiro... por cumprir.

(Crónica publicada no JN Norte, em 04ABR07)

1 comentário:

Anónimo disse...

E a Barcaça?!

Gastou-se tanto dinheiro na barcaça que apelidam de Ferry Boat! E para quê?!
Já lá vão cerca de 5 anos de ferrugem e podridão, desde que a compraram com dinheiros públicos..!?
Se lhes saísse do bolso! Gestão danosa dos decisores...?! Parece evidente!
Parece que neste País o que nos resta é apelar à “moralidade”, ou falta dela, pois a Justiça é de faz de conta! Veja-se o último caso do nosso Primeiro Ministro, o que resta à oposição é acusá-lo no campo da moralidade, pois das duas uma: ou já não acredita na Justiça ou também tem rabos de fora...!

Caro Arquitecto, parabéns pela sua voz, meritória demais para um país com gente de muito má índole!


O auditor.