Opinião
[texto publicado no Diário de Aveiro no dia 08jan20]
Reclamações de há dez anos!
PLATAFORMAcidades no Diário de Aveiro
Pompílio Souto
Arquiteto;
Urban Designer; ex-Docente Universitário
1)
Neste início de década pareceu-me oportuno comparar o que a PLATAFORMAcidades
reclamava há dez anos
com aquilo que ela, e agora Outros, consideram essencial fazer-se hoje na
Cidade e Cidade-região de Aveiro (*1).
A conclusão é de que muito do que reclamávamos continua por fazer, o
que é grave sobretudo porque quem devia, só agora o reconhece como
indispensável e, portanto, como causa continuada de prejuízo.
2)
Claro que nestes dez anos se fez muita coisa
boa mas, nalguns aspetos, atrasámo-nos e temo que a retoma interventiva recente
– que é bem-vinda – possa gerar precipitações, erros e omissões que somem
problemas àqueles outros que não estamos a resolver.
> Olhando
para o que – há dez anos – se "reclamava" da Câmara, fez-se, de
facto, a revisão dos seus modelos de
funcionamento e governação, mas a
verdade é que isso foi avaliado negativamente num Estudo da FFMS (*2).
> As
reclamadas visão Prospetiva da Cidade e dimensão Estratégica do Planeamento,
associadas a Politicas de Cidade responsivas e participadas, estão por fazer.
> Fixar
na Cidade os Jovens e os Quadros e dispor de mais Habitação no Centro aguardam,
entregues aos ditames do mercado.
> Assumir
os pares Educação e Formação; Cultura
e Criatividade; Património e Identidade (do Bairro e da Cidade) e dar-lhes um
projeto compreensível sob uma estratégia chapéu
que responda às necessidade das pessoas e dos tecidos sociocultural e
económico, são ainda miragens.
> Articular
a Mobilidade com os Lugares que se (re)criam e as Áreas de Produção e Negócio
que (felizmente agora) se requalificam, estabelecendo as redes, os meios, os
regimes e as plataformas – espaços públicos – que melhor sirvam o ambiente, as
vidas familiares e os interesses das outras partes, nem ainda se compreendem
nem se fazem.
> À
Saúde ainda falta muito - sobretudo o Bem-estar". Quanto à Água: a
passível de ser (ou depois de tratada) passar a ser para consumo humano, ainda
não a tratamos como suporte de vida, sendo que a outra, ainda não assumimos
como oportunidade de atividade socioeconómica.
3)
O novo Plano Estratégico para a Cultura é bom,
mas diz-nos que faltam criadores e o
que mais se faz são eventos.
O novo PDM tem aspetos positivos, mas
falta-lhe a dimensão estratégica e a natureza reformista (ou disruptiva) que
resolvam os estrangulamentos gerados, quer pela partição fundiária e a
propriedade privada socialmente onerosas, quer pelo mercado e património
especulativos.
O Projeto Educativo Municipal que nos falta
estará, de facto, em elaboração? Receio que não.
Claro que é mais fácil escrutinar e comentar a atividade autárquica –
que é o que aqui se procura fazer –, mas torna-se cada vez mais necessário e
decisivo que Outros – a Universidade, o Porto de Aveiro, as grandes Empresas e
o Terceiro Sector, p.e – partilhem connosco os seus objetivos e resultados: – É
que todos eles recebem dinheiros públicos
e fazem Cidade.
Ora tudo isto implica, obviamente, que nós, Cidadãos, também
escrutinemos a nossa postura e desempenho: - Temos de nos interessar mais e
melhor pela coisa pública que faz o essencial das nossas vidas.
(*1) Os
Outros, são o Presidente da CMA, o Reitor da UA e os vinte responsáveis das entidades estruturantes da vida da
Cidade-região, envolvidos no que leva à "Agenda Cidadã 2030"
adotada e em aprofundamento | (*2) A
Qualidade da Governação Local | Nota: Este
trabalho tem por base contributos de 15 Plataformistas, em 30abr2008
Texto da responsabilidade de (*) Pompílio
Souto, Coordenador da PLATAFORMAcidades; grupo de reflexão cívica | Veja outros textos desta série no Blogue Plataforma Cidades || Contacte-nos:
plataformacidades.op@gmail.com
Sem comentários:
Enviar um comentário