– Que respostas em Aveiro?
1)
Em crónica anterior listava um conjunto de casos e de situações que, do meu ponto de vista, precisavam de ser discutidas, uma vez que seriam decisivas para tornar melhor esta cidade: Aveiro.
Uma das questões colocadas era "Como estruturar e viabilizar apostas e programas educativos, culturais e formativos com destinatários tão específicos, diversificados e numerosos quanto o são aqueles que temos".
2)
Suponho que esta é, de facto, uma coisa importante e decisiva para a nossa vida por aqui. Assim sendo, bom seria que outros também assim pensassem e que se dessem ao trabalho de considerar que isso merecia "resposta". Melhor seria, ainda, que, dentre esses, tivéssemos não apenas os Partidos, Candidaturas e Candidatos às Eleições que se avizinham, mas também, as Instituições, Entidades, Associações, Grupos e Cidadãos que (também) decidem, ou vivem, ou que (simplesmente) aceitam, assim dando azo, muitas vezes, a irrelevâncias, inconsequências, desperdícios e, quando não, a "oportunismos".
3)
Para que uma q.q. "resposta" possa fazer sentido, é preciso que se "conheça" e tenha em conta a "especificidade, diversidade e número" dos respectivos destinatários; é preciso, também, que tais respostas –, sejam "transversais", ou seja, que digam respeito – em conjunto (pelo menos e neste caso) –, à "educação", à "cultura" e à "formação"; e é preciso, finalmente, que – para serem úteis –, se diga quanto custam e como serão pagas.
4)
Quanto à indispensabilidade de "conhecimento dos destinatários", sublinhe-se, p.e. que a Região Centro – e não sei bem em que medida Aveiro dentro dela –, é agora, simultaneamente, uma das mais atrasadas do pais, mas aquela onde mais patentes são registadas.
Quanto à necessária "transversalidade das propostas", reconheça-se que precisamos, não apenas de um q.q. "Projecto Educativo" na Escola X, mais de um q.q. Programa no Teatro Aveirense, mais de um q.q. "Currículo na Escola do Centro de Formação Profissional de Aveiro": precisamos que tudo isso tenha a ver com tudo.
Quanto a calcular o "custo-benefício" da coisa; quem paga os respectivos saldos negativos (se ou houver); donde vem – de facto – o dinheirinho e o que é que deixará de se fazer por via disso, é decisivo que "mudemos de rumo" (como diria o militante poeta, tão mal seguido por quem hoje lhe invoca os passos).
5)
Obviamente que desta postura e "chatice" de "estabelecer e avaliar o custo-benefício" seja do que for que seja tido como "direitos", ficam desobrigados, quer o PCP, quer o BE, uma vez que, para o primeiro, quem tudo tem que pagar é o "estado" e para o segundo, quem o deve fazer são os "ricos".
(Crónica publicada no JN Norte, em 16JUL08)
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Reclamar...
1)
Reclama-se. Protesta-se. Denuncia-se. Alarmam-se, não as consciências, mas "a metade má das almas": aquela onde moram a superstição e a ignorância, a suspeição e a inveja. Despreza-se o saber e ofende-se o conhecimento. O que é preciso, não é ouvir, nem estudar, nem, muito menos, reflectir, esclarecer e mobilizar; não, o que é preciso é arregimentar-se: arregimentar descontentamentos, frustrações, magotes de milhares, preferencialmente!
E assim se faz – e nós deixamos que assim se faça –, nos mais diferentes domínios e a propósito (ou a despropósito) dos mais diferentes casos e coisas.
Coisas e casos que, obviamente sempre radicam num "interesse e prorrogativa" que, mesmo que só uma vez alcançados, passam a constituir "os direitos" – inalienáveis e perenes – de quem os teve, mesmo que agora inaceitáveis – ou, até, incomportáveis – por todos os demais.
Bem pode o mundo mudar – serem outros, os fracos e as fraquezas; os competentes e as competências; os necessitados e as necessidades –, nada disso interessa: o caso, a coisa, a prorrogativa, o saber, a função, o cargo, a competência e o direito ao exercício de tudo isso estão muralhados por "os direitos" de quem chegou primeiro... Não é assim que é dito, mas é (quase sempre assim) que é reclamado, protestado e denunciado.
Dito isto..."regressemos à terra"; à nossa, p.e: Aveiro.
2)
Sejamos exigentes, a nosso respeito e a respeito da nossa cidade, p.e. Digam-me lá, então, o que é que cada um de vós fez, neste último ano, para a tornar melhor. Eu pelo meu lado, não fiz muito, de facto: para além doutras poucas coisas, o que mais fiz foram, sobretudo, "reclamações"!
Hoje – de baraço ao pescoço –, voluntario-me para discutir e com outros, "desenhar", algumas coisas que me parecem decisivas. As que seguem, por exemplo.
a)
Como estruturar e viabilizar apostas e programas educativos, culturais e formativos com destinatários tão específicos, diversificados e numerosos quanto o são aqueles que temos.
Como integrar, na vida duma cidade conservadora (como esta), alguns excessos e picos de presença da sua população (mais) juvenil (universitário e outra).
Como valorizar a relação do que fazemos e de como nos divertimos, com as especificidades deste sitio e lugar?
b)
Como dar sustentabilidade aos inúmeros equipamentos culturais e desportivos (*1) que temos por aqui (e mais todos os outros que se querem), considerando os públicos de que dispomos?
c)
Como fixar, na cidade, os jovens e os quadros, sem os apartar nem excluir outros? Como atrair, para o centro, (sobretudo) residência? Como viabilizar o comércio de proximidade, sem restringir outras ofertas apetecíveis?
d)
Como salvar (o que resta d)as Frentes de Ria, em Mataduços e Santiago? Que fazer com a Baixa das Barrocas; com a Av.ª Lourenço Peixinho, Ponte Praça e Canal Central; com o Quartel de Infantaria; com o Esteiro de S. Pedro?
e)
Que articulações e parcerias supra-municipais privilegiar? (i) "Aveiro & Ílhavo" ou "Aveiro & Estarreja & Albergaria & Ílhavo & Vagos", p.e. (ii) "Aveiro & Coimbra & Leiria" ou "Aveiro & Porto & Outros mais a norte, p.e.)
(*1), tal é o caso, p.e. de teatros, cinemas, centros culturais e de congressos, bibliotecas, pavilhões, estádios, campos de jogos, auditórios, centros de ciência, museus, galerias, casas (assim e assado, deste e daquele, pertencentes à rede x ou y) e mais os monumentos – locais, regionais e nacionais –, e muitos outros e outras de que agora não me estou a lembrar, peço desculpa...
(Crónica publicada no JN Norte, em 02JUL08)
Reclama-se. Protesta-se. Denuncia-se. Alarmam-se, não as consciências, mas "a metade má das almas": aquela onde moram a superstição e a ignorância, a suspeição e a inveja. Despreza-se o saber e ofende-se o conhecimento. O que é preciso, não é ouvir, nem estudar, nem, muito menos, reflectir, esclarecer e mobilizar; não, o que é preciso é arregimentar-se: arregimentar descontentamentos, frustrações, magotes de milhares, preferencialmente!
E assim se faz – e nós deixamos que assim se faça –, nos mais diferentes domínios e a propósito (ou a despropósito) dos mais diferentes casos e coisas.
Coisas e casos que, obviamente sempre radicam num "interesse e prorrogativa" que, mesmo que só uma vez alcançados, passam a constituir "os direitos" – inalienáveis e perenes – de quem os teve, mesmo que agora inaceitáveis – ou, até, incomportáveis – por todos os demais.
Bem pode o mundo mudar – serem outros, os fracos e as fraquezas; os competentes e as competências; os necessitados e as necessidades –, nada disso interessa: o caso, a coisa, a prorrogativa, o saber, a função, o cargo, a competência e o direito ao exercício de tudo isso estão muralhados por "os direitos" de quem chegou primeiro... Não é assim que é dito, mas é (quase sempre assim) que é reclamado, protestado e denunciado.
Dito isto..."regressemos à terra"; à nossa, p.e: Aveiro.
2)
Sejamos exigentes, a nosso respeito e a respeito da nossa cidade, p.e. Digam-me lá, então, o que é que cada um de vós fez, neste último ano, para a tornar melhor. Eu pelo meu lado, não fiz muito, de facto: para além doutras poucas coisas, o que mais fiz foram, sobretudo, "reclamações"!
Hoje – de baraço ao pescoço –, voluntario-me para discutir e com outros, "desenhar", algumas coisas que me parecem decisivas. As que seguem, por exemplo.
a)
Como estruturar e viabilizar apostas e programas educativos, culturais e formativos com destinatários tão específicos, diversificados e numerosos quanto o são aqueles que temos.
Como integrar, na vida duma cidade conservadora (como esta), alguns excessos e picos de presença da sua população (mais) juvenil (universitário e outra).
Como valorizar a relação do que fazemos e de como nos divertimos, com as especificidades deste sitio e lugar?
b)
Como dar sustentabilidade aos inúmeros equipamentos culturais e desportivos (*1) que temos por aqui (e mais todos os outros que se querem), considerando os públicos de que dispomos?
c)
Como fixar, na cidade, os jovens e os quadros, sem os apartar nem excluir outros? Como atrair, para o centro, (sobretudo) residência? Como viabilizar o comércio de proximidade, sem restringir outras ofertas apetecíveis?
d)
Como salvar (o que resta d)as Frentes de Ria, em Mataduços e Santiago? Que fazer com a Baixa das Barrocas; com a Av.ª Lourenço Peixinho, Ponte Praça e Canal Central; com o Quartel de Infantaria; com o Esteiro de S. Pedro?
e)
Que articulações e parcerias supra-municipais privilegiar? (i) "Aveiro & Ílhavo" ou "Aveiro & Estarreja & Albergaria & Ílhavo & Vagos", p.e. (ii) "Aveiro & Coimbra & Leiria" ou "Aveiro & Porto & Outros mais a norte, p.e.)
(*1), tal é o caso, p.e. de teatros, cinemas, centros culturais e de congressos, bibliotecas, pavilhões, estádios, campos de jogos, auditórios, centros de ciência, museus, galerias, casas (assim e assado, deste e daquele, pertencentes à rede x ou y) e mais os monumentos – locais, regionais e nacionais –, e muitos outros e outras de que agora não me estou a lembrar, peço desculpa...
(Crónica publicada no JN Norte, em 02JUL08)
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