a história d'uma irresponsabilidades; até um dia, espero eu...
1)
Há cerca de um ano – roubando tempo aos meus tempos, dinheiro aos meus dinheiros e paciência à minha falta dela –, fiz um reduzido levantamento das "inseguranças" na escola onde era representante de pais e encarregados de educação.
Eram, tanto quanto me lembro, três os casos que retinha e que considerava exemplares da necessidade de uma ponderação mais vasta e cuidada sobre a matéria.
2)
Assim municiado lá comecei a "saga" de fazer chegar esta "carta a garcia", ou seja: expor à autarquia – neste caso à Câmara de Aveiro – as referidas situações e a dita necessidade.
Não me "passei"...porque já de lá venho, mas o facto é que: (i) para conseguir ser atendido pela "secretária de intermediação" foi um calvário em perdas de tempo e dinheiro; (ii) para explicar o que pretendia, não foi fácil; (iii) para agendar a reunião, a custo, num "buraco", lá se arranjou um "tempinho".
A receber-me estavam, finalmente, não menos do que um Vereador e um Engenheiro Civil. Como sabiam ao que ia, já tinham com eles alguma informação – supostamente preciosa – relativa ao que entretanto tinham feito para resolver os problemas que eu tinha identificado. Já tinham, por exemplo, enviado um "ofício" a quem de direito para que o abrigo de autocarros (que interrompia por completo o passeio) fosse substituído por um outro que não tivesse as obstrutivas protecções laterais, disse – realizado –, o Engenheiro.
O Vereador – baixote, de queixo em riste e olhar firme sobre a praça, onde – à falta de massas inspiradoras – se fixava no José Estêvão, estabelece enfaticamente:
– É isso mesmo; o "ofício" já seguiu: está feito, meu caro.
Sinto-me tolhido: o que é que "está feito"? Será a coisa ou serei eu. A coisa de facto não merecia, outra coisa, claro! Mas eu? Eu porquê? Porque mais não merecia depois de um tal "atrevimento", dir-se-á. E ele, ele que dirá?
– Este é o Lugar da Politica e do Poder; o Local, obviamente, meu caro! Diz, peremptório, agora de costas, em contraluz, confundindo a sua, com a figura verde bronze do "velho" José Estêvão.
Ainda bem que assim é, pensará, no final de contas, somos os paladinos regionais da "causa ferroviária".
Um o primeiro – Deputado da nação – trouxe a Estação dos caminhos-de-ferro para Aveiro. O outro, o segundo (?), não, ele, o Vereador da situação, trouxe... a dúvida e a discussão sobre o TGV e, de raspão (já que tinha a mão na massa), elucubrações várias, profundas e muito únicas sobre a Ota e outros casos da mesma natureza e dimensão: é obra! É-o, mas não de um q.q. modesto "abrigo de autocarros"; era o que faltava!
3)
Assim – e talvez por isso – indiferente a tudo, o Abrigo ainda hoje lá está! Volvido cerca de um ano sobre tão pronta, decidida e decisiva decisão – a de lhe "amandar" com um "ofício" –, resiste e matem-se empurrando os "irrelevantes" transeuntes, para fora do passeio.
É perigoso? Claro que o é: por ali passam INEMs a caminho dos hospitais. É incómodo, obviamente: desde então são já milhares os que descem, torcem e sobem à passagem pelo sítio.
Mas que importa tudo isso? O "ofício" foi mandado e Engenheiro, Vereador e Outros, continuam – melífluos, na bondade dos propósitos; absortos, no narcisismo das posturas e indiferentes, na irrelevância eleitoral do facto.
4)
É pequena a coisa, dir-se-á; mas eu não estou de acordo: pequenas coisas destas em grandes se tornam, por vezes (longe vá o agoiro), e de irresponsabilidades deste tipo se faz a paz do dia-a-dia duns poucos, pagos pelo denodo esforçado de muitos outros; até um dia, espero eu...
Há cerca de um ano – roubando tempo aos meus tempos, dinheiro aos meus dinheiros e paciência à minha falta dela –, fiz um reduzido levantamento das "inseguranças" na escola onde era representante de pais e encarregados de educação.
Eram, tanto quanto me lembro, três os casos que retinha e que considerava exemplares da necessidade de uma ponderação mais vasta e cuidada sobre a matéria.
2)
Assim municiado lá comecei a "saga" de fazer chegar esta "carta a garcia", ou seja: expor à autarquia – neste caso à Câmara de Aveiro – as referidas situações e a dita necessidade.
Não me "passei"...porque já de lá venho, mas o facto é que: (i) para conseguir ser atendido pela "secretária de intermediação" foi um calvário em perdas de tempo e dinheiro; (ii) para explicar o que pretendia, não foi fácil; (iii) para agendar a reunião, a custo, num "buraco", lá se arranjou um "tempinho".
A receber-me estavam, finalmente, não menos do que um Vereador e um Engenheiro Civil. Como sabiam ao que ia, já tinham com eles alguma informação – supostamente preciosa – relativa ao que entretanto tinham feito para resolver os problemas que eu tinha identificado. Já tinham, por exemplo, enviado um "ofício" a quem de direito para que o abrigo de autocarros (que interrompia por completo o passeio) fosse substituído por um outro que não tivesse as obstrutivas protecções laterais, disse – realizado –, o Engenheiro.
O Vereador – baixote, de queixo em riste e olhar firme sobre a praça, onde – à falta de massas inspiradoras – se fixava no José Estêvão, estabelece enfaticamente:
– É isso mesmo; o "ofício" já seguiu: está feito, meu caro.
Sinto-me tolhido: o que é que "está feito"? Será a coisa ou serei eu. A coisa de facto não merecia, outra coisa, claro! Mas eu? Eu porquê? Porque mais não merecia depois de um tal "atrevimento", dir-se-á. E ele, ele que dirá?
– Este é o Lugar da Politica e do Poder; o Local, obviamente, meu caro! Diz, peremptório, agora de costas, em contraluz, confundindo a sua, com a figura verde bronze do "velho" José Estêvão.
Ainda bem que assim é, pensará, no final de contas, somos os paladinos regionais da "causa ferroviária".
Um o primeiro – Deputado da nação – trouxe a Estação dos caminhos-de-ferro para Aveiro. O outro, o segundo (?), não, ele, o Vereador da situação, trouxe... a dúvida e a discussão sobre o TGV e, de raspão (já que tinha a mão na massa), elucubrações várias, profundas e muito únicas sobre a Ota e outros casos da mesma natureza e dimensão: é obra! É-o, mas não de um q.q. modesto "abrigo de autocarros"; era o que faltava!
3)
Assim – e talvez por isso – indiferente a tudo, o Abrigo ainda hoje lá está! Volvido cerca de um ano sobre tão pronta, decidida e decisiva decisão – a de lhe "amandar" com um "ofício" –, resiste e matem-se empurrando os "irrelevantes" transeuntes, para fora do passeio.
É perigoso? Claro que o é: por ali passam INEMs a caminho dos hospitais. É incómodo, obviamente: desde então são já milhares os que descem, torcem e sobem à passagem pelo sítio.
Mas que importa tudo isso? O "ofício" foi mandado e Engenheiro, Vereador e Outros, continuam – melífluos, na bondade dos propósitos; absortos, no narcisismo das posturas e indiferentes, na irrelevância eleitoral do facto.
4)
É pequena a coisa, dir-se-á; mas eu não estou de acordo: pequenas coisas destas em grandes se tornam, por vezes (longe vá o agoiro), e de irresponsabilidades deste tipo se faz a paz do dia-a-dia duns poucos, pagos pelo denodo esforçado de muitos outros; até um dia, espero eu...
(Crónica publicada no JN Norte, em 19SET07)
4 comentários:
Caro Pompílio,
Está e estará!
Não se esqueça que agora é preciso discutir Alcochete. E o caso da miúda inglesa também... E o Mourinho... Isso é que são assuntos dignos!
Cumps
Raul Martins
Teor do ofício enviado pela CMAveiro
Câmara Municipal
Aveiro, tantos de tal.
Para o Senhor Engenheiro
Responsável dos abrigos
Desta Cidade de Aveiro.
Como um ano não bastou
Para esquecer o pedido,
E como hoje passou
Por aqui o "entendido"
Que de novo me falou
No abrigo "obstruído",
Com abas a obrigar
Os alunos a descer
Do passeio, para andar,
Sujeitando-se a morrer
Por qualquer "atropelar",
Venho, por essa razão,
Pedir-lhe, urgentemente,
Que proceda à remoção
Do abrigo, totalmente,
Pondo-se fim à questão.
Pois os jovens portugueses
Com o clima a mudar
Vêem chuva poucas vezes,
E só se devem molhar
Aí de seis em seis meses.
ZÉ MALAGUETA
Caro Pompílio,
É pequena a coisa, dir-se-á; mas o mundo é feito de nadas (como dizia o poeta).
Não esmoreça. Continue. Aveiro precisa de si.
Raul Martins
Meu Caro "Zé Malagueta" [que afinal não é um "anónimo" (?)], olhe que, do meu ponto de vista, não será apenas - nem principalmente -, ao "Eng.ºResponsável dos Abrigos" que deveremos reclamar a situação referida.
Enviar um comentário