segunda-feira, 7 de maio de 2007

Abril; deste "aperto"..., aos "amanhãs que cantam"



Claro que disparates sempre se disseram e despeitados sempre houve, mas a verdade é que só quem sendo velho de memória curta, ou novo ignorante donde vem, é que pode achar que "isto não está nada bem; está é cada vez pior".


1)
A Escola João Carlos Celestino Gomes, de Ílhavo, celebrou, há dias, – para a comunidade onde se insere, e outras – os "50 anos da Assinatura do Tratado de Roma" (que deu origem ao que hoje é a Comunidade de Europeia) e vai celebrar, em breve, "O Dia da Europa" (que enaltece a bondade da existência de tal Comunidade).
2)
Os Alunos e os Professores dessa Escola, de todas as outras e de (quase) todos os graus de ensino, deslocam-se, estudam, convivem, formam-se e formam conhecimento, não apenas nos diferentes Estados dessa Comunidade, mas por vez até noutros fora dela: são (quase) cidadãos do mundo.
3)
A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola João Afonso de Aveiro, com o apoio do respectivo Conselho Executivo, pela mão do Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro, traz à Escola, aos Pais – e por via destes –, às famílias, estratégias e modos de suscitar o interesse e o gosto pela Matemática, contribuindo para acabar com a nossa iliteracia a tal nível.
E sabem que mais? O essencial de tal programa é, na Universidade, desenvolvido com base em estudos e experiências em tempos iniciadas no Leste e que, agora aqui, contam com o desempenho (algo) liderante de um "Professor Russo" (a quem não se exigiu que declarasse não ser "comunista").
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4)
Arouca já não "fica onde o judas perdeu as botas"; ou melhor, se calhar continua a ficar por ai, só que soube minimizar os efeitos disso mesmo, transformando-o nalguma "vantagem".
A Serra e a Frecha; as Parideiras e Trilobites; a Arouquesa e a Várzea; a Floresta, as suas Casas e os Viveiros; as Eólicas, os Ventos e as Vistas; os Caminhos, os Povos e os Lugares; a Horticultura, a Pastorícia, a Agricultura e Outras; os Cruzeiros, os Perpeanhos, as Casas, os Solares e o Mosteiro; o Mosteiro, os Doces e o Estar, é – meus caros –, um quase... "bem-estar".
Fartar-lhe-á mais o quê? Desenvolver as ditas "Outras"? Talvez. Precisará, provavelmente, de um pouco mais de "serviços" e da optimização selectiva da "indústria", mas seguramente do que precisa é mesmo de continuar a contar com gente séria, empenhada, esclarecida e livre.
5)
O Museu de Aveiro está em Obras: vai crescer e abrir-se (mais) à comunidade; o de Ílhavo é novo e grande; há, por ai muitos outros e muito bons: o Museu do Papel, na Feira; o Museu da Pedra, em Cantanhede; a Casa Museu Egas Moniz, em Estarreja, p.e.
A Ciência chegou ao cidadão: ao adulto, ao jovem e à criança. Em Aveiro temos a Fábrica de Ciência; na Feira, o Visionário; em Espinho, o Centro Multimeios, p.e.
Bibliotecas já não só as da Gulbenkian que, em "carrinhas citroen", de lugar em lugar, levam – aos poucos que liam –, o muito de que precisavam: conhecimento, saber e... sonho: aquele que eles – os "outros" –,
não sabiam nem sonhavam, que era o que comandava a vida e que, sempre que um homem sonhava, o mundo pulava e avançava como uma bola colorida, entre as mãos de uma criança (*)

Claro que fizemos disparates e, por cento, alguns mais ainda faremos. Estamos num "aperto", e é de temer que, quem quase sempre esteve do lado do progresso, agora possa ser tentado a defender restos e sobras, desperdícios e despropósitos. Oxalá que não: no final de contas, com eles aprendemos que sempre, houve e há "amanhãs que cantam".

(*) a partir do poema de António Gedeão, popularizado pela música e voz do Manuel Freire



(Crónica publicada no JN Norte, em 02MAI07)

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