1)
O espaço urbano de Aveiro – que já não tem as qualidades desejáveis –, vem a ser, cada vez mais, colonizado pela circulação e estacionamento de automóveis. Esta é uma evidência que agora, sem surpresas, se vê reconhecida num bom estudo de Arminda Soares para a Câmara Municipal; surpreendente, surpreendente é mesmo, não tanto a dimensão dalguns excessos, mas, sobretudo, a reacção política e as medidas preconizadas.
Relativamente aos excessos, sublinhemos o facto de haver Ruas com um nível de estacionamento da ordem dos 150% e parques subterrâneos cuja utilização não chega aos 25%.
Relativamente às medidas preconizadas, espantemo-nos, meus caros, com a "boutade" autárquica: – "Façam-se mais parques de estacionamento subterrâneos!
Cada vez há menos pachorra para ouvir, calado e quieto, coisas destas; suponho até que o mesmo acontece com alguns membros deste Executivo; há pessoas que, bom seria, remeterem-se, de uma vez por todas, ao silêncio e inacção que sempre haviam assumido na vida.
Mas enfim, "há quem não se enxergue". Procuremos nós – "Cidadãos surpresos" (mas não mais "espertos") –, olhar com um pouco mais de cuidado para o que, a este nível, se passa, indagando circunstâncias a partir de casos, registando o óbvio e, porque não, avançando hipóteses ou mesmo propostas.
2)
A Cidade está "entulhada" não apenas de automóveis.
Há autocarros a circular e estacionados por todo o lado, mesmo onde eu supunha que era proibido e onde eu julgava que o bom senso – dos respectivos condutores profissionais e dos profissionais polícias das respectivas matérias –, os desmotivaria.
Há os de "médio e longo cursos" a concorrer (deslealmente) com a MoveAveiro. Há os que vão a caminho da Fábrica da Ciência Viva e do Parque e da Universidade e que esperam a conclusão da visita. Há os de transporte de Desportistas e Claques... (que me dispenso de... nomear). Há os do Turismo Sénior, e Júnior e Outros todos acolhidos (onde menos nos convinha) pelos dirigentes amadores, amadores de vistas e patrimónios. Há... muitos e, sobretudo, muito mal arrumados
Há as carrinhas – aquelas pequenas e médias que param sempre nas curvas, em terceira fila e em cima das passadeiras "porque dá mais jeito p'ra descarregar a coisa q'é pesada e eu que trabalho pá, não tenho tempo p´ra procurar o que quer que seja muito menos a hora e o local de descarga ideal ou que menos incomode quem quer que seja: – óbiste, pá?!"
Há, até mesmo os camiões – aqueles enormes, com muito mais do que 5 toneladas (que é limite no acesso ao Centro); há os de dois, de três e de mais eixos, com caixa e sem ela, articulados ou rígidos, com reboque e sem ele, com beliche e muitas outras coisas mas sempre, sempre sem sanitário –, que nos entopem as vias, nos vandalizam os espaços e nos diminuem a qualidade de vida.
3)
Onde está a Central (ou Centrais) de Camionagem. Onde está o Parque (ou Parques) de Pesados. Não sei se, neste momento, nos fazem muita falta os (chamados) Parques Periféricos de Ligeiros; sei isso sim, que faz uma enorme falta dispor de "interfaces de diferentes tipologias de transporte" e de "áreas de apoio, serviço e parqueamento para transportes de longo curso".
Com isso, com mais policiamento e um pouco mais de reflexão sobre a relevância e natureza dos problemas que – com pouco dinheiro – poderiam ser resolvidos, trilhar-se-iam, por certo, caminhos de sucesso. Só que alguns de vós não estão para aí virados; não é? Estão mais interessados noutras coisas, ou em coisa nenhuma, não é assim?
E nós?
Sabem que mais: – Vou perguntar aos das "Cidades Criativas"!
(Crónica publicada no JN Norte, em 20MAR08)
O espaço urbano de Aveiro – que já não tem as qualidades desejáveis –, vem a ser, cada vez mais, colonizado pela circulação e estacionamento de automóveis. Esta é uma evidência que agora, sem surpresas, se vê reconhecida num bom estudo de Arminda Soares para a Câmara Municipal; surpreendente, surpreendente é mesmo, não tanto a dimensão dalguns excessos, mas, sobretudo, a reacção política e as medidas preconizadas.
Relativamente aos excessos, sublinhemos o facto de haver Ruas com um nível de estacionamento da ordem dos 150% e parques subterrâneos cuja utilização não chega aos 25%.
Relativamente às medidas preconizadas, espantemo-nos, meus caros, com a "boutade" autárquica: – "Façam-se mais parques de estacionamento subterrâneos!
Cada vez há menos pachorra para ouvir, calado e quieto, coisas destas; suponho até que o mesmo acontece com alguns membros deste Executivo; há pessoas que, bom seria, remeterem-se, de uma vez por todas, ao silêncio e inacção que sempre haviam assumido na vida.
Mas enfim, "há quem não se enxergue". Procuremos nós – "Cidadãos surpresos" (mas não mais "espertos") –, olhar com um pouco mais de cuidado para o que, a este nível, se passa, indagando circunstâncias a partir de casos, registando o óbvio e, porque não, avançando hipóteses ou mesmo propostas.
2)
A Cidade está "entulhada" não apenas de automóveis.
Há autocarros a circular e estacionados por todo o lado, mesmo onde eu supunha que era proibido e onde eu julgava que o bom senso – dos respectivos condutores profissionais e dos profissionais polícias das respectivas matérias –, os desmotivaria.
Há os de "médio e longo cursos" a concorrer (deslealmente) com a MoveAveiro. Há os que vão a caminho da Fábrica da Ciência Viva e do Parque e da Universidade e que esperam a conclusão da visita. Há os de transporte de Desportistas e Claques... (que me dispenso de... nomear). Há os do Turismo Sénior, e Júnior e Outros todos acolhidos (onde menos nos convinha) pelos dirigentes amadores, amadores de vistas e patrimónios. Há... muitos e, sobretudo, muito mal arrumados
Há as carrinhas – aquelas pequenas e médias que param sempre nas curvas, em terceira fila e em cima das passadeiras "porque dá mais jeito p'ra descarregar a coisa q'é pesada e eu que trabalho pá, não tenho tempo p´ra procurar o que quer que seja muito menos a hora e o local de descarga ideal ou que menos incomode quem quer que seja: – óbiste, pá?!"
Há, até mesmo os camiões – aqueles enormes, com muito mais do que 5 toneladas (que é limite no acesso ao Centro); há os de dois, de três e de mais eixos, com caixa e sem ela, articulados ou rígidos, com reboque e sem ele, com beliche e muitas outras coisas mas sempre, sempre sem sanitário –, que nos entopem as vias, nos vandalizam os espaços e nos diminuem a qualidade de vida.
3)
Onde está a Central (ou Centrais) de Camionagem. Onde está o Parque (ou Parques) de Pesados. Não sei se, neste momento, nos fazem muita falta os (chamados) Parques Periféricos de Ligeiros; sei isso sim, que faz uma enorme falta dispor de "interfaces de diferentes tipologias de transporte" e de "áreas de apoio, serviço e parqueamento para transportes de longo curso".
Com isso, com mais policiamento e um pouco mais de reflexão sobre a relevância e natureza dos problemas que – com pouco dinheiro – poderiam ser resolvidos, trilhar-se-iam, por certo, caminhos de sucesso. Só que alguns de vós não estão para aí virados; não é? Estão mais interessados noutras coisas, ou em coisa nenhuma, não é assim?
E nós?
Sabem que mais: – Vou perguntar aos das "Cidades Criativas"!
(Crónica publicada no JN Norte, em 20MAR08)
1 comentário:
Numa das suas aulas (já lá vão uns anitos) discutíamos a necessidade de Aveiro ter um interface de vários modos de transporte.
Falava-se na altura, como se continua a falar e com certeza continuará a falar no futuro na promoção do transporte público em detrimento do transporte individual.
Pelo que sei, para comprar um bilhete para o expresso ainda é necessários ir à tabacaria o que, convenhamos, não é motivo suficiente para promover seja o que for.
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